Mais uma vez, tomo a liberdade de postar este comentário do meu amigo Aires do Amaral.
"Estimado Fernando e todos os participantes neste blog,
Após esta ausência, venho uma vez mais participar neste forúm, agora a propósito do Tema EDUCAÇÃO. Conforme tive oportunidade de comentar na minha primeira intervenção há algumas semanas atrás, deve ser dado um tratamento transversal a todos os temas dentro do GRANDE PLANO ESTRATÉGICO, SEMPRE COM O MESMO OBJECTIVO: POTENCIAR O CRESCIMENTO ECONÓMICO DA NOSSA REGIÃO, FIXAR AS PESSOAS, ATRAÍR NOVAS PESSOAS E INVESTIMENTO AO NOSSO CONCELHO.
Para dar início a esta reflexão, e novamente na perspectiva de saber onde nos encontramos para saber para onde queremos ir, é imprescindível focarmos a nossa atenção nas seguintes questões:
1. Em que ponto nos encontramos na actual reforma do Ensino?
2. Qual o impacto na estrutura da Escola, isto é nos Professores e nas Pessoas não-Docentes?
3. Qual o impacto no património edificado?
4. Qual o papel das Associações de Pais?
5. Qual o impacto desta reforma nos nossos ALUNOS?
Com estas questões pretende-se identificar o conjunto de diferentes interesses envolvidos que padecem de responsabilidades de gestão a vários níveis.
Quando digo interesses, refiro-me às diferentes partes interessadas: Autarquia , Governo-Ministério da Educação, ALUNOS, Professores, Pessoas não-Docentes e Encarregados de Educação.
1.A reforma do Ensino actualmente em curso compreende a figura do Director da Escola, o qual depois de nomeado, por sua vez nomeia dois acessores, dando assim forma ao corpo de gestão da Escola. O Conselho Pedagógico vai sofrer alterações várias, nomeadamente ao nível da fusão de vários departamentos de uma mesma área científica num grande departamento, o que resultará na redução do número de elementos na sua composição. Por exemplo, a Física, a Química, a Matemática, as Ciências e a Informática são agora agrupadas dando origem ao grande Departamento das Ciências Exactas.
2.Os Professores mantêm-se dentro da esfera de responsabilidade do Ministério da Educação, bem como toda a definição do currículo das nossas Escolas. O mesmo não acontece com as Pessoas não-Docentes cuja responsabilidade transita para a Autarquia.
3.Na actual reforma sabemos que o património físico que compõe a Escola é agora responsabilidade da Autarquia, bem como a responsabilidade material pela sua manuntenção.
4.Quanto aos Pais, temos a certeza que o seu envolvimento com o ambiente Escola se manterá, na medida em que continuarão a lutar pelos interesses dos nossos ALUNOS e das nossas Escolas, sob a figura da Associação de Pais ou ainda intervindo eles próprios quando assim o entenderem.
5.O impacto destas reformas nos ALUNOS pode ser positivo, na medida em que ao recaírem na esfera de poderes da Autarquia, uma parte das responsabilidades de gestão está agora mais próxima da Escola. Contudo, esta nova realidade cria também novos desafios de gestão no plano da relação Autarquia-Escola-Governo, o que nas actuais circunstâncias me suscita sérias dúvidas quanto ao seu êxito.
É claro que como qualquer outra Reforma, também esta se projecta nos mais elevados objectivos: oferecer melhores condições aos nossos ALUNOS para que estes obtenham melhor e maior aproveitamento escolar.
Confesso porém que quero ir além da bondade desta reforma e da genuidade dos seus mais elevados interesses. Quero ir ao centro das necessidades e preocupações dos nossos ALUNOS.
Para tanto, vou recorrer ao método que utilizei até aqui, perguntando:
- Onde fica situado o nosso Concelho?
- Que influências internas têm os nossos ALUNOS?
- Que Influências externas têm os nossos ALUNOS?
- Como está o desporto escolar?
- Como são os laboratórios de Ciências, de Física e de Química das nossas Escolas?
- Que meios tecnológicos estão ao dispor da nossas Escolas?
- Temos os nossos Professores motivados?
- Temos as Pessoas não-Docentes motivadas?
- Temos os nossos ALUNOS motivados?
Estas são algumas questões que creio dever dar resposta para podermos saber como a Autarquia pode ajudar a concretizar algumas destas melhorias.
O nosso Concelho insere-se na região da Beira-Alta, pertencendo ao Distrito da Guarda e situado a norte da sede de distrito. Com uma população de aproximadamente de 7.200 habitantes distribuídos por 16 freguesias, a maior concentração de habitantes é na sede do Concelho com cerca de 2.000 habitantes. A área do Concelho da Meda é de cerca 292,00 Km2 e sua densidade urbanística é baixa.
Do ponto de vista da economia local, o Concelho da Meda conta com algumas pequenas indústrias: transformação de granitos e mármores em bruto em produtos acabados, carpintarias, serração de madeiras, empresas de construção civil e de obras públicas, adegas de transformação da uva, lagares de azeite e panificadoras.
Já no sector dos serviços, o Concelho tem oficinas do ramo automóvel, oficinas de serralharia, empresas de transportes de passageiros e de transporte de mercadorias, empresas especializadas em aquecimento e equipamentos eléctricos domésticos e indústriais, armazéns de materiais de construção, empresas prestadoras de serviços de máquinas com variados fins, comércio tradicional, uma superficie de comércio a retalho de média dimensão, serviços de cafetaria e de restauração, hotelaria e alguns projectos na área do turismo, farmácia, consultórios médicos, escritórios de advogados, bancos e companhias de seguros. A acrescentar temos ainda todos os serviços de carácter público como a Câmara Municipal, as Finanças, o Centro de Saúde, a Segurança Social, o Tribunal, as Conservatórias e Notário e ainda as Empresas Municipais.
Quanto à Agricultura, a grande base são o vinho, o azeite e, em menor escala, a pastorícia.
É neste contexto económico e em contacto com uma beleza natural única que os nossos jovens ALUNOS têm as suas primeiras grandes experiências. A localização do nosso Concelho, a sua dimensão e a sua economia de cariz marcadamente familiar, cria um ambiente e produz uma vivência bastante interessante na nossa população escolar, que quando associados à aprendizagem, à aquisição de conhecimentos e à busca de uma especialização, pode produzir óptimos resultados no futuro. Creio ser esta a resposta às duas primeiras questões.
A questão do desporto escolar tem que ser devidamente analisada, pois considero-a de primordial importância. Desde já é necessário avaliar as condições das instalações e se necessário, haver uma pronta e eficaz resposta por parte da Autarquia para que as infraestruturas estejam aptas a ser utilizadas.
Do ponto de vista da saúde, o exercício é extremamente importante quer no nosso desenvolvimento motor enquanto jovens em formação até atingir a idade adulta, quer do ponto de vista psíquico pela sua contribuição para o crescimento equilibrado dos nossos jovens.
Por outro lado, na perspectiva do comportamento em grupo, é indiscutível o papel do desporto no desenvolvimento e exploração de valências tão importantes como o trabalho organizado e o trabalho de equipa, o espírito competitivo, a construção de tácticas, o conhecimento e avaliação do adversário, o exame objectivo dos nossos pontos fortes e pontos fracos e a definição de objectivos permanentes de melhora.
Não me querendo alongar mais na resposta a esta questão, creio ter deixado fundamentado a importância do desporto organizado na Escola, o qual facilmente pode ser dinamizado com outras escolas, assim a nossa Autarquia considere dar resposta e contribuír ainda mais na ajuda da educação dos nossos ALUNOS.
Quanto à questão dos laboratórios, embora desconheça as actuais condições das instalações, é para mim muito claro que a Autarquia deve dar dignidade a estes espaços de estudo, bem como dotá-los de todos os materiais necessários para que estas aulas tenham a qualidade desejada e se possam atingir os objectivos definidos no currículo.
A questão dos meios tecnológicos não é levantada porque esteja na moda, mas sim porque se devidamente estudada pode revelar-se um aliado precioso dos Docentes da nossa Escola ao complementar as carências dos nossos ALUNOS.
Por exemplo, o facto de estarmos distantes de determinadas realidades como sejam os grandes parques industriais, os grandes centros urbanos, as grandes empresas com gestão profissional, grandes bibliotecas, museus e universidades, a Música, a própria Administração Central, etc., pode ser parcialmente mitigado ou colmatado ao socorremos-nos de tecnologia.
Por sua vez, são estas realidades que considero serem as grandes influências externas e que pela sua distância, geográfica ou outra, temos a obrigação de as aproximar dos nossos ALUNOS para que estes vivam estas experiências em tempo certo.
A motivação dos Docentes da nossa Escola é sem dúvida muitíssimo relevante e julgo uma abordagem redutora associá-la exclusivamente à sua relação com o Ministério da Educação.
Por exemplo, muitas vezes recebemos Docentes provenientes de outras regiões do país - inclusivé de locais bem diferentes dos nossos nomeadamente em termos climáticos e/ou culturais. Esta situação pode necessitar de adaptação e a Autarquia deve estar sensibilizada para prestar a sua colaboração com a Escola. Por outro lado, a mais-valia que o contacto com outras vivências culturais pode representar para os nossos ALUNOS só poderá ser devidamente explorada e maximizada se os nossos Docentes se encontrarem efectivamente motivados.
O mesmo acontece com os Docentes oriundos das nossas proximidades ou inclusivé do nosso Concelho. São pessoas que receberam formação fora da nossa região e que transportam consigo uma experiência fantástica para os nossos ALUNOS, eles que um dia também terão de se deslocar para dar continuidade aos seus estudos.
A Autarquia deve portanto apoiar a Escola, ALUNOS e Docentes e não apenas do ponto de vista financeiro. Este apoio tem também que obrigatoriamente ser um apoio Institucional. Não podemos esquecer as relações tensas que de uma forma geral os Docentes vivem neste momento com o Ministério da Educação e a forte desmotivação que tal poderá estar a acarretar. A obrigação enquanto Autarquia é dentro das suas competências e da sua responsabilidade Institucional para com a Escola tudo fazer para se encontrar em situação do dever cumprido.
A motivação das Pessoas não-Docentes é também um ponto a não descurar. Não podemos esquecer que a reforma actualmente em curso trouxe a estas pessoas uma enorme mudança, ao fazerem agora parte dos quadros da Autarquia, requerendo por isso uma especial atenção neste momento. Este raciocínio conduz-me a outra questão: existe na Autarquia alguém com a responsabilidade específica dos Recursos Humanos? Recordando novamente a minha primeira intervenção, a Autarquia tem de definir um plano estratégico para a área de Recursos Humanos. Plano este que passe pelo investimento em formação e que contemple a rotatividade pelos benefícios que esta proporciona ao enriquecimento através da experiência, bem como a gestão de espectativas e o crescimento das pessoas na estrutura.
Chegamos finalmente à questão da motivação dos nossos ALUNOS. Em abono da verdade, é muito difícil responder a esta questão. Mas posso afirmar que se os Docentes e as Pessoas não-Docentes da nossa Escola estiverem motivados, se as instalações da nossa Escola estiverem devidamente cuidadas, se existirem condições para os Docentes da nossa Escola darem as suas aulas práticas, se o Desporto na Escola estiver a funcionar e se a relação Institucional Autarquia-Escola for bem cuidada, os nossos ALUNOS seguramente estarão mais motivados.
A acrescentar a tudo isto, acredito que é desta relação Institucional Autarquia-Escola que objectivamente devem sair medidas a adoptar no complemento e enriquecimento do currículo dos nossos ALUNOS. Inevitavelmente, tal acarretará custos adicionais. No entanto, todos beneficiaremos de UM DIGNO PROGRAMA DE ENRIQUECIMENTO DOS NOSSOS ALUNOS QUE VAI PARA ALÉM DO CURRÍCULO.
Gostava ainda que os esforços da nossa Autarquia e o seu compromisso com a Educação fossem mais longe e proporcionassem uma Bolsa de Estudo pelo período normal da licenciatura ao melhor aluno de cada área finalista do curso secundário leccionado na nossa Escola.
Caros amigos, a partir daqui tenho a certeza que estamos a cuidar da nossa ESCOLA e dos nossos ALUNOS e portanto do nosso FUTURO.
Aqui hoje não comentei temas relacionados e também importantes como sejam as futuras reformas de Ensino, as possíveis reduções do número de escolas no País, o projecto de ensino para o séc. XXI, o que vai acontecer ao Ensino nos Concelhos limítrofes ao nosso, quais as licenciaturas mais necessitadas no País nos próximos anos ou quais as licenciaturas mais necessitadas na nossa Região, entre outras.
Procurei antes com este exercício tentar ganhar alguma vantagem para os nossos ALUNOS em relação às Escolas em geral e em particular às Escolas dos Concelhos mais próximos e posicionar o nosso Concelho numa situação mais vantajosa em relação a um futuro cada vez mais recheado de incertezas e por isso com mais risco.
“ NÃO SE INDEMINIZA UMA CRIANÇA QUE NÃO TEVE EDUCAÇÃO ADEQUADA POIS PERDEU-A PARA SEMPRE“, Prof. Adão da Fonseca.
“NÃO HÁ VENTO FAVORÁVEL PARA AQUELE QUE NÃO SABE PARA ONDE VAI”, Séneca.
VIVA A NOSSA ESCOLA.
Aires do Amaral"