
No ano de 2004 fui nomeado pelo Senhor Presidente da Câmara, Dr. João Mourato, seu Chefe de Gabinete, cargo que ocupei até 2008, altura em que, como sabem, me demiti.
Desde então, até hoje, muitos acontecimentos suscitaram críticas, construtivas e destrutivas e, assim, surge este blog, com o qual pretendi criar um espaço “nosso”, isto é, um espaço de cidadania, sendo que, cada vírgula de todos os “post” por mim editados zelam o dever de reserva ao qual fiquei vinculado desde o primeiro momento de exercício do cargo supra mencionado até sempre.
Assim, consciente e propositadamente, guardarei para mim episódios, acontecimentos e citações, susceptíveis de lesar a privacidade de cada um em particular e de todos no geral.
Depois de ter referido as minhas limitações éticas, sinto-me com legitimidade para, em consciência, divulgar o que é do meu conhecimento e experiência profissional sobre o Sr. Presidente da Câmara Municipal de Mêda, Dr. João Mourato, salientando, antes de mais que o respeito, a lealdade institucional e humana (mas nunca a subserviência) foram, e são para mim, dois vectores primordiais dos quais muito me orgulho de ter “imprimido” na referida função.
O Sr. Presidente, Dr. João Mourato, foi durante todo o tempo em que o segui de perto, essencialmente, um político sério cujo desejo inabalável era o poder, isto é, o seu lugar, em qualquer circunstância e/ou momento nunca foi o limite de um círculo mas o seu centro /com tudo e todos a girar à sua volta.
Esta característica do Sr. Presidente dificultou e, muito, a comunicação e/ou o trabalho desenvolvido com o mesmo, pois a aproximação daquele ao “outro” seja ele quem fosse sempre, a partilha de ideias, projectos, saberes, preocupações e, até sentimentos – pese embora todos os esforços por mim desenvolvidos – sempre foram praticamente nulos.
Daqui, ressalvo, claro os famosos anos eleitorais, durante os quais “tudo valia e/ou vale”.
Atitude que, com o devido respeito, nada o beneficiou e/ou beneficia enquanto presidente de câmara.
Foi e/ou é talvez dos políticos que conheço – e/ou conheci – em toda a minha vida aquele, que mais capacidade tem em resistir à dor, ao sofrimento e à crítica dos seus adversários políticos, e não só.
Realça-se a capacidade – acima da média – de transformar derrotas em vitórias, e vitórias em derrotas se estas, forem dos seus colaboradores ou adversários (se bem que nunca cheguei a entender, se para o mesmo este são sinónimos ou antónimos).
De negativo revelou, não raras vezes, falta de capacidade de trabalho, de organização, de planeamento, de rigor, de isenção, de projecção.
A sua maior dificuldade se não mesmo incapacidade foi, sem dúvida a “gestão de pessoas” o que, claramente, se reflecte no estado deplorável e de “anarquia” em que se encontram (com uma ou outra excepção) todos os serviços da nossa autarquia.
Outro aspecto, a meu ver negativo, da gestão autárquica do Sr. Presidente é, sem dúvida, a falta de confrontação de quem lhe faz chegar “mensagens” completamente desvirtuadas da realidade.
Na verdade, não me recordo – não por vício de memória mas por inexistentes –, ter visto o Sr. Presidente chamar, um qualquer funcionário, que tenha sido alvo de alguma “injúria e/ou difamação” a nível profissional ou mesmo pessoal, para apurar a verdade dos factos.
Bem pelo contrário.
A imparcialidade, a conduta pautada pela rectidão e pela descoberta da verdade dos factos, nunca foram, a meu ver, o essencial para o Sr. Presidente, motivo pelo qual, não me restam dúvidas que pessoas sem valores e/ou capacidades, mentirosas e intriguistas são e serão as mais valorizadas pelo Sr. Presidente da nossa autarquia, que julga e age, sempre, pelo que ouve o que, como todos sabemos raramente corresponde à verdade.
Continuará esta velha estratégia a funcionar? Acho que não!
Cumpre-me, assim, deixar aqui uma nota de agradecimento talvez até admiração a alguns, bons funcionários, políticos ou colaboradores que a nossa autarquia ainda tem.
Na minha opinião foram e são devidamente “desaproveitados”, por questões de “intriga política”, e conveniência de outros (poucos) que são péssimos funcionários/colegas mas, felizmente identificados, por todos os que são óptimos profissionais e que, nestes três anos, me ajudaram e, por vezes até, aturaram.
E este agradecimento, serve também para lembrar o Sr. Presidente que a palavra “obrigado” existe e é bonita de dizer, ouvir e sentir quando sincera.
O Sr. Presidente que conheci alimenta-se do “perfume do poder” sempre com o mesmo objectivo: mais poder.
Este é um “perfume”que embriaga e distrai e que, quase por regra, torna as pessoas insensíveis e incapazes sequer de perceber que, à sua volta, se movimentam seres humanos, com vidas próprias, famílias, dificuldades, felicidades e pequenos prazeres, tão importantes, às vezes, como as grandes conquistas.
Os aspectos negativos supra mencionados não desvanecem contudo a enorme capacidade intelectual, de alguém cuja passagem pela política autárquica do nosso concelho nunca, por mim, e eventualmente outros, será esquecida e que, além do mais fez muita e boa obra, graças às quais, ganhou seis eleições autárquicas.
Assim, sem necessidade de mais considerandos sobre o Presidente e homem que conheço e atendendo à conjuntura política futura, será até muito fácil, para mim, prognosticar, sem grandes hesitações, uma não recandidatura, do mesmo às autárquicas de 2009.
Espero desta forma linear, ter esclarecido, um pouco mais, as motivações que fundamentaram o meu pedido de demissão.
Ainda bem que o fiz, até para eu próprio perceber que há mais vida para além da política, e que a actividade no sector privado é tão ou mais aliciante que a vida pública, e, assim, deixando o lugar disponível, para outros, que, eventualmente, consigam melhorar ou alterar, o que de mal vai naquela câmara.
Faço aqui ”mea culpa” por não o ter conseguido, pelo menos, em tempo útil do “eu”.
Termino, por agora, com esta dúvida: ter a coragem de sair de um lugar e dar a oportunidade a outros para fazer o que percebi já não conseguir será “cuspir no prato onde comi”?
Eu já sei a resposta.
Para muitos o tempo responderá.
Até lá serei apenas um eleitor atento.
To be continued…
Eu até avisei…